ADVERTÊNCIA

Este Blog contém algumas de minhas ideias, crenças e valores. Por não ter o objetivo de ser referência, não deve ser acolhido como "argumento de autoridade" e, muito menos, como verdade demonstrativa, cartesiana.

Aqui o leitor encontrará apenas reflexões e posições pessoais que poderão ser peneiradas e, por isso mesmo, rejeitadas ou aceitas, odiadas ou amadas. Assim, não espere encontrar fidelidade a alguma linha de pensamento ou a uma ideologia em particular. Permito-me a contradição, a incerteza, a hesitação, a descrença, a ironia; permito-me pensar.

Após as leituras, sei que uns concordarão, outros não, e haverá também os que encerrarão a visita levando uma pulga atrás da orelha. Não me importo. Se causar alguma reação, mesmo o desassossego, considero que atingi o meio. O fim fica por sua conta.

Abraços a todos e boa leitura.

PS: Acesse também: http://moisesolim1.blogspot.com.br/

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

DIVIDINDO A CRUZ DE CRISTO

Tanto quanto Deus, a criação não faz distinções, ela ignora totalmente as divisões em classes que tolamente estabelecemos. Sim, ela é cega e surda, porque não vê a distinção que queremos fazer, porque não ouve as afirmações de que somos desiguais. Sejam ricos ou pobres, cristãos ou ateus, todos se ajoelham perante a sua coroa real.

Entretanto, ela não é muda. E, se preciso for, a sua voz poderá ser ouvida no mundo inteiro. Seja para o bem ou para o mal, ela abre a sua boca e fala não só a todos os ouvidos mas também a todos os olhos, corações, rins, fígados, estômagos, a nós inteiros. Deixa-nos atônitos pela beleza ou completamente chocados por suas desgraças; faz-nos chorar por sua magnitude ou por sua repreensão.

Quem pode desprezar a sua força, a sua presença, o seu reino inconteste? Ó homem, que te ergues até os céus, serás abatido até os infernos. E como isso é verdade! De forma muito audível, visível, tátil, olfativa e deixando um gosto muito amargo na boca, ela nos fala, a todos nós, mais uma vez, com voz de estrondo e com pouca compaixão, gritante e triturante, no Rio de Janeiro, igualando-nos, pondo-nos em nosso lugar, lembrando-nos de que somos pó, terra, barro, lama…

Onde está Deus nesse momento? Estará nos céus, comendo o seu manjar, enquanto lamentamos os nossos mortos? Estará lá, despreocupado com os demais, enquanto recebe as almas dos cristãos mortos na tragédia? Nesse momento de dor, todas essas cogitações perpassam pelas mentes humanas, e os sentimentos de impotência, de ódio, de desprezo, se juntam ao de profunda tristeza.

Contudo, Deus está no mundo! Onde, perguntam-se, vendo a desgraça? Ele está nos discípulos de Seu Filho Jesus; nos que amam, que se doam, que voluntariamente cavam a terra, tiram o lixo, põem o corpo inteiro na lama à busca de seu semelhante; nos que tocados pelo igualamento, enviam roupas, remédios, água; nos que oram, que choram, que abraçam, que dividem o seu pão. Deus se revela por esses! Sim, Deus é Emanuel!

Mas age por meio de nós. Ele não desce do céu e trata do homem surrado que perdeu pai, mãe, filho, irmão, primo, neto, tio, cunhado, e todos os bens. Não! Deus age pelo transeunte, mesmo com consciência religiosa diferente ou sem nenhuma, pois o amor é superior à fé! São os que têm amor em seus corações que suspendem o que estão fazendo, adiam a sua viagem, a fim de untar as feridas, carregar os feridos, preservar o seu igual.

O sacerdote e o levita não foram capazes de se ver em seu irmão, mesmo estando na mesma estrada, na mesma direção, sob os mesmos perigos, seja por atribuir-lhe pecados que justificassem a sua desgraça, seja por transferir o bem que deveriam fazer à ação divina, seja porque estavam muito preocupados com as coisas do templo, seja porque se consideravam superiores, e por isso passaram de largo. Para esses, a fé de nada valeu!

Nesse momento (e em tantos outros que virão a todos nós), cabe a divisão da cruz. Muitos cireneus, a seu modo, já estão ajudando os cristos que estão sofrendo a dor dos grandes pregos da crucificação que sofreram. Fingiremos que isso não é conosco, para ainda mantermos as diferenças, sejam elas quais forem?

Em Cristo, o sempre-presente.

MF

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