Viva George Bush, cristão fiel, frequentador assíduo de sua
igreja, leitor diário da Bíblia, dizimista, amigo de pastores, homem que sempre
iniciava suas reuniões de gabinete com oração e que propôs o Dia Internacional
da Oração, protetor ferrenho de Israel, homem de bons costumes e dos valores
protestantes contra os gays e aborto... Homem que pode ser posto como
representante qualificado de pastores americanos (como os "grandes"
Max Lucado, John McArthur e Bob Jones... que apoiaram explicitamente a invasão
do Iraque em nome de seu deus) e de brasileiros fundamentalistas.
Enfim,
se são desses que deveríamos fugir, vê-se que são deles que a igreja brasileira
gosta de tomar seus exemplos. Talvez isso mostre bem o caráter dessa igreja que
deveria ser duramente punida por Deus por sua atitude insana.
Veja:
Dez anos da invasão do Iraque - Os horrores que ninguém mostra http://fotos.noticias.bol.uol.com.br/imagensdodia/2013/03/20/10-anos-da-invasao-do-iraque--os-horrores-que-ninguem-mostra.htm?fotoNav=1
Que
cegueira a nossa ao rotularmos a vida cristã como um conjunto de normas fixas,
de crenças reducionistas adotadas sem constantes reavaliações, de comportamentos particulares
de um grupo, ou de fórmulas prontas mágicas...
Infelizmente,
a proposta atual, que vejo nos púlpitos mais "tradicionais", de
reação às podres teologias que invadiram o Cristianismo moderno é o retorno à verdade.
Ouço muito isso.
Digo
infelizmente, porque a questão é: de qual verdade se está falando? A do
fundamentalismo que provou ao longo da História o seu amor ao poder e à
submissão irrestrita de seus seguidores? Àquela de terno e gravata, de fala bonita e estudada, que
propunha uma visão parcial da vida e do mundo e utópica da religião, sempre aliada aos valores dos poderosos?
Àquela que faz crer na ignorância da transparência da linguagem?
Como
já disse noutra vez, a arte de ser cristão não pode ser
encontrada nem praticada na extremidade da razão em suas manifestações
empíricas, céticas ou irônicas, nem tampouco no abismo da emoção irracional ou
no das forças pulsivas próprias da cegueira espiritual em suas ocorrências
fanáticas de devoção a dogmas inquestionáveis, mas sim no cruzamento,
no espaço tensivo formado pelo encontro dessas naturezas tão opostas e
complementares.
É
no equilíbrio, portanto, tão difícil de aceitar, de encontrar e de manter que
se encontram os pilares das existências humana e espiritual. De fato, tanto o
racionalismo quanto o fanatismo estão, paradoxalmente, de mãos dadas na
obscuridade; ao mesmo tempo, tão distantes e tão próximos, cada um, a seu modo,
está petrificado em seus próprios dogmas constituídos, seja pelo que se tem,
provisoriamente, como fato, seja pelo que se constituiu, apenas por
acordo, como verdade "absoluta" do grupo.
Enfim,
temo pelos resultados dessa “volta à verdade” que está sendo proposta como
solução à crise da fé da cristandade protestante brasileira. Já a conheço e já
sei a que chegou.