ADVERTÊNCIA

Este Blog contém algumas de minhas ideias, crenças e valores. Por não ter o objetivo de ser referência, não deve ser acolhido como "argumento de autoridade" e, muito menos, como verdade demonstrativa, cartesiana.

Aqui o leitor encontrará apenas reflexões e posições pessoais que poderão ser peneiradas e, por isso mesmo, rejeitadas ou aceitas, odiadas ou amadas. Assim, não espere encontrar fidelidade a alguma linha de pensamento ou a uma ideologia em particular. Permito-me a contradição, a incerteza, a hesitação, a descrença, a ironia; permito-me pensar.

Após as leituras, sei que uns concordarão, outros não, e haverá também os que encerrarão a visita levando uma pulga atrás da orelha. Não me importo. Se causar alguma reação, mesmo o desassossego, considero que atingi o meio. O fim fica por sua conta.

Abraços a todos e boa leitura.

PS: Acesse também: http://moisesolim1.blogspot.com.br/

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

CARTÃO CORPORATIVO - TAMBÉM QUERO UM!



Se alguém questionar minhas despesas, usarei a resposta dos Pró Trambiqueiros:

- Peremptoriamente afirmo que não sei de nada!

Mas não pensem que me esqueci dos Pró-Safados Do Brasil que também tinham os deles!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

AS RAPOSAS, OS BURROS E A ESCADA

Moisés Olímpio Ferreira

Já no alto da torre, as gordas raposas, sempre imaginando como manter sua posição privilegiada, criavam e recriavam estratégias das mais esdrúxulas para manter o seu domínio que fora estabelecido pela violência, pela injustiça, pelo roubo e, sobretudo, pela mentira. Acostumadas a constituir riqueza transformando o trabalho dos burros em ouro para si, fortificaram-se ainda mais: fizeram alianças com serpentes, escorpiões, aranhas peçonhentas, sapos, ratos, bodes e com outros animais com os quais há muito se alinhavam pelos traços comuns da ambição e dos procedimentos.

Ultimamente, cheios de sadismo, provocaram alucinações com a escada:

- Vocês a vêem? Ela está aí, posta, esticada, perto de vocês. Não estão vendo? Vocês podem subir por ela! Não tenham medo, subam até aqui! Experimentem a conquista, o poder, a multiplicação, a honra de suas cabeças de burros!

Já privados de razão e de liberdade (uns pelo prazer mórbido, outros porque tinham natureza servil, outros pela reinação dos encontros, outros pelo sonho de uma cabana, outros por estarem persuadidos de que um dia seriam raposas, outros porque não sabiam que eram escravos), ouviam aquele discurso com lágrimas nos olhos. Levantavam e abaixavam as patas em sinal de veneração.

- Temos muito para dar a vocês. Tenham coragem! Vocês serão transformados a partir de hoje, se subirem aqui! Permitam que o poder invada seus corações asinais, para que vocês possam viver tudo o que já temos vivido!

O alvoroço não foi de pequena monta. O momento do estabelecimento do reino tão aguardado e pelo qual tanto trabalhavam teria chegado? Sim, certamente, pensavam.

- Seremos reis! Seremos reis! Seremos reis! Seremos reis! Neste ano nos apossaremos da floresta! Uníssonos, bradavam.

Certos de que lhes bastavam apenas subir a escada, não se agüentavam em seus lugares. Os espíritos estavam aguçados; os nervos, à flor da pele; os pêlos, ouriçados; as pupilas, esbugalhadas...

-Lembram-se de que o leão se tornou rei? Todos poderão ser como ele!

Não havia mais espaço para tanta emoção. Beijavam-se, agarravam suas crias, machos e fêmeas apertavam-se sonhosos. Com os olhos molhados, encostavam as cabeças uns nos outros em sinal de êxtase.

- Lembram-se de que nós estávamos aí e de que conseguimos subir? A partir de hoje todos serão como nós! Vocês verão o mundo de cabeça para baixo!

Como se mexiam desesperadamente para subir os degraus, de muito longe, o tilintar das patas podia ser ouvido com sonoridade definida.

- Isso mesmo, continuem... Venham... Sejam audaciosos... Aqui em cima sobejará provisão para vocês e para as suas famílias. Venham viver em lugares altos!

Com os olhos fechados e com o corpo em transe, subiam a escada de ouro imaginária. Nesse entusiasmo, agora irreprimível e insano, saltavam degraus para chegar mais rápido, puxavam alguns para passar à frente, patejavam a cabeça de outros, rasteiravam o próprio amigo, pescoceavam veementemente... Instalou-se o gosto desmedido pela fantasia.

No alto, as raposas gargalhavam, porque os burros, em extrema agitação, despercebidamente se sujavam em seus excrementos ... Sarcasticamente, deram um nome ao evento: Ano do Esterco!