ADVERTÊNCIA

Este Blog contém algumas de minhas ideias, crenças e valores. Por não ter o objetivo de ser referência, não deve ser acolhido como "argumento de autoridade" e, muito menos, como verdade demonstrativa, cartesiana.

Aqui o leitor encontrará apenas reflexões e posições pessoais que poderão ser peneiradas e, por isso mesmo, rejeitadas ou aceitas, odiadas ou amadas. Assim, não espere encontrar fidelidade a alguma linha de pensamento ou a uma ideologia em particular. Permito-me a contradição, a incerteza, a hesitação, a descrença, a ironia; permito-me pensar.

Após as leituras, sei que uns concordarão, outros não, e haverá também os que encerrarão a visita levando uma pulga atrás da orelha. Não me importo. Se causar alguma reação, mesmo o desassossego, considero que atingi o meio. O fim fica por sua conta.

Abraços a todos e boa leitura.

PS: Acesse também: http://moisesolim1.blogspot.com.br/

domingo, 29 de julho de 2012

Os grandes pilares da vida

A arte de ser cristão não pode ser encontrada nem praticada na extremidade da razão em suas manifestações empíricas, céticas ou irônicas, nem tampouco no abismo da emoção irracional ou no das forças pulsivas próprias da cegueira cognitiva em suas ocorrências fanáticas de devoção inquestionável, mas no cruzamento, no espaço tensivo formado pelo encontro dessas naturezas tão opostas e complementares. É no equilíbrio, portanto, tão difícil de aceitar, de encontrar e de manter - pois ora tendemos para um lado, ora para outro (e a história desumana nos dá testemunhos dessas polarizações) - que se encontram os três maiores pilares das existências humana e espiritual: a fé, a esperança e o amor. É na transposição desse ponto de difícil delimitação, é na fácil ultrapassagem desse núcleo instável, que se processam os mais diversificados níveis de distorção da vida cristã.

Muito pouco esforço de conciliação vale a pena ser empregado, enquanto ainda se estiver arrastado por um desses vieses inflexíveis, pois tanto o racionalismo quanto o fanatismo estão, paradoxalmente, de mãos dadas na obscuridade; ao mesmo tempo, tão distantes e tão próximos, cada um, a seu modo, está petrificado em seus próprios dogmas constituídos, seja pelo que se tem, provisoriamente, como fato, seja pelo que se constituiu, apenas por acordo, como verdade do grupo.

Crer (e fazer crer) na existência da constância imutável dos parâmetros factuais, acreditar que é possível viver no domínio do que é platônico e não apenas no domínio do que é possível ser da realidade, tomar como verdades absolutas os modelos construídos ao longo da história, negando-lhes, assim, arbitrariamente, as contingências e as opacidades das manifestações do conhecimento e da própria experiência a que foram submetidos e a que ainda serão, queiramos ou não, é, consciente ou inconscientemente, viver em paranóia científica e em esclerose passional.

De fato, os pilares de vida de que Paulo fala são, por um lado, frágeis e inconstantes por natureza (o núcleo de equilíbrio em que se encontram são de limites incertos e, portanto, de fácil transpassamento), mas, por outro lado, são essenciais e prementes para a sobrevivência do espírito, cristão ou não. Não é à toa, portanto, que estar em Cristo seja passar por ação e renovação diárias, por morte e ressurreição in continuum, por formações, deformações e transformações constantes, que são os movimentos do divino na alma humana, com o intuito de sua permanência nesse lugar  - sustentado pela fé, esperança e amor - onde Ele mesmo está.

MF