ADVERTÊNCIA

Este Blog contém algumas de minhas ideias, crenças e valores. Por não ter o objetivo de ser referência, não deve ser acolhido como "argumento de autoridade" e, muito menos, como verdade demonstrativa, cartesiana.

Aqui o leitor encontrará apenas reflexões e posições pessoais que poderão ser peneiradas e, por isso mesmo, rejeitadas ou aceitas, odiadas ou amadas. Assim, não espere encontrar fidelidade a alguma linha de pensamento ou a uma ideologia em particular. Permito-me a contradição, a incerteza, a hesitação, a descrença, a ironia; permito-me pensar.

Após as leituras, sei que uns concordarão, outros não, e haverá também os que encerrarão a visita levando uma pulga atrás da orelha. Não me importo. Se causar alguma reação, mesmo o desassossego, considero que atingi o meio. O fim fica por sua conta.

Abraços a todos e boa leitura.

PS: Acesse também: http://moisesolim1.blogspot.com.br/

sábado, 19 de dezembro de 2009

MEUS VOTOS PARA 2010

Olá pessoal, o fim do ano está próximo. Novamente vem todo aquele blá, blá, blá que nós já conhecemos de longa data. Os dentre vocês que estão no outono da idade (como eu), já ouviram muiiiiiiiitas vezes as mesmas coisas e, certamente, alguns já desacreditaram do que sempre estão ouvindo. Junto com o blá, blá, blá de sempre, recebemos aquela ilusória ideia de que no ano seguinte tudo será novo, como se meia noite do dia 31 de dezembro fosse a última página do epilogo de uma narração e o 1o. de janeiro fosse a primeira página de um novo livro a ser lido, ou melhor, a ser escrito. Uma ilusão criada por nós (porque os astros giram sempre da mesma forma há milhares de anos e nem se dão conta de que nós criamos a ideia terrestre de "tempo" a partir desse movimento), porque o dia 1o. é continuação do dia 31 e, mais, é continuação dos 365 dias anteriores e, mais, dos muitos (ou poucos) anos que o antecederam. Enfim, o dia primeiro de janeiro é exatamente o resultado de todas as nossas escolhas feitas durante os dias e anos que já se foram antes dele!

Isso me faz pensar sobre o poder das escolhas, sobre o poder que temos para refletir e optar. E quantas vezes fizemos a pior escolha! Seja em razão da não-razão, seja em razão da razão, seja em razão da razão sem coração, seja em razão de coração sem razão etc. Vejam o caso de Maria e Marta. Ambas com boas intenções. Quem dentre nós diria, se o texto não tivesse dito, que Marta fez uma má escolha? Acho que eu me sentiria muito bem por preparar um bom almoço para Jesus que estava me visitando! Era o que Marta estava fazendo. Sob o ponto de vista de Cristo, porém, embora não fosse a pior, não era a melhor escolha para aquele momento.

Na vida somos assim frequentemente. Somos "Martas" (e pelo amor de Deus, não a ex-prefeita, embora ela mesma seja também uma Marta), e corremos para um lado e para o outro, até com boas intenções, mas fazendo más escolhas (ou não as melhores) o todo tempo. O resultado de todo aquele trabalho seria uma boa comida para o mestre; sua preocupação nisso era tal que exigia a presença de Maria para que tudo saísse com desejava! Mas a finalidade desse trabalho fatigante e ansioso terminaria quando a barriga estivesse cheia, e só. Mais tarde, tudo recomeçaria porque a fome voltaria a existir e todo um novo esforço seria necessário. Uma roda gigante e viciante que gira todo mundo com ela, que nos deixa tontos, que turva a nossa visão, que não permite ver com clareza e fazer as melhores escolhas; às vezes parece que vemos algo, mas o girar da roda faz com que o mundo fique de ponta cabeça e as muitas imagens diferentes sucessivas nos tornam incapazes.

Não é assim a cada fim de ano? Procuramos algo para que possamos justificar o que fizemos e o que não fizemos; lançamos sobre fatos irrisórios e bestiais um valor enorme apenas para que não nos sintamos tão impotentes e insatisfeitos. Depois de toda correria do ano, vem o comer (festividades), o momento da mesa farta, que termina numa satisfação insignificante e que, pela sua crueldade, nos assujeita a um novo esforço inevitável para atingir a mesma insatisfação no próximo fim de ano e assim vai... Os nossos desejos de bom ano, de saúde, de paz, de alegria, de dinheiro... todos os nossos desejos estão dirigidos nesse alvo: chegar ao fim ano e lá atingir uma satisfação (que no percurso parece boa e não percebemos o fim) insignificante; se hipoteticamente tivéssemos alcançado todos os nossos desejos, paradoxalmente estaríamos tão insatisfeitos quanto aqueles que não os atingiram!!! A roda gigante do mundo é tão poderosa que há velhos que ainda não perceberam que tudo não passa de uma ilusão de ótica, que todas as aspirações humanas e suas exigências de realização, são fortes grilhões espirituais. Os pobres se esforçam muito para que tenham algo, os ricos, menos. Os primeiros querem ter porque acreditam que tendo serão felizes, os outros, por terem, acreditam que estão no bom caminho. Uns e outros, iludidos pelas múltiplas imagens rápidas e confusas, estão agarrados numa mesma barra de "proteção" e sentem, com muita intensidade, a mesma insatisfação a cada ano.

Se alguém está fora disso, acham-no estranho, fora do ninho, fora da realidade, fora do mundo e da sociedade: "Diga-lhe, pois, que me ajude!", foi o pedido de Marta que queria que Maria fosse como ela, que Maria não fosse diferente, que Maria estivesse tão preocupada e agitada como ela estava; ela não acreditava que Maria pudesse estar fora do padrão! Como é que alguém podia ficar "sentada aos pés de Jesus" enquanto outro se mata trabalhando para o "bem"? E por se estar preso a esse sistema escravizador, não é estranha a pergunta "Senhor, não te importas que a minha irmã me deixe servir sozinha?" (Fico imagindo o que Jesus deve ter pensado, a imagem de seu rosto, os movimentos da boca, dos olhos, do nariz... preparando-se para responder-lhe).Os pobres farão votos de trabalhar bastante para conseguir algo melhor (daí, querem saúde, paz, alegria e dinheiro), os ricos desejarão ganhar mais para que estejam satisfeitos no dezembro seguinte (daí, os mesmos votos); se uns e outros obtiverem sucesso, a insatisfação, porém, continuará sendo a mesma:

"Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada em torno de muitas coisas!"

O poder de escolher faz parte da nossa natureza. A sua negação é usurpar da criação divina as qualidades que lhe foram outorgadas por seu criador Assim, a nossa condição é produto de nossas escolhas (emocionais, espirituais etc) durante a nossa existência; em certo sentido, não dá para colhermos o que não plantamos e, em todos os sentidos, não dá para plantarmos o que não temos. Um novo ano não significa um novo livro, nem nova história se os nossos objetivos continuarem a ser os mesmos, se os nossos grãos forem da mesma espécie.

Os meus desejos são os mesmos de sempre, mas agora com um novo objetivo: ouvir de Deus as palavras


Você "escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada"

GRANDE abraço do

Moisés

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O vento sopra frio sobre a folha
Que se agita freneticamente para lá e cá;
Amarelavermelhada, agarra-se ao galho o quanto pode,
Algumas acham, imaginem, que talvez possam ficar!
.
Antes, vibrava sua verdiduração,
Orgulhava-se da seiva que bebia e em nada sentia brevidade;
Antes ainda, quando pequenina, na inocência, nos projetos, nas vontades...
Cegada pelo novo e pela imaginação, só pensava em ser madura,desejada ainda mais
pelas flores e frutos que poderia enfeitar.
.
Depois, porém, resistiria à força do que naturalmente é?
Tudo e nada são a mesma coisa, nada e tudo estão reunidas no mesmo ser.
Embebecida pelo tempo sob o vento que não cessa de insistir
Finalmente do galho seco, roxa de frio, morta de vida, caí.
(44 anos - fim de outono - M.O. Ferreira)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Jó 14.7 – A ANGÚSTIA DA BREVIDADE DA VIDA.

O capítulo 14 é uma meditação sobre a brevidade da vida:
v.1: o homem vive breve tempo.
v.2: a sua vida é como uma flor que murcha; é como uma sombra.
v.5: Os dias dos homens são contados; ele está limitado ao tempo imposto por Deus.
v.4: Jó diz que esse ser é fútil e impuro. É possível encontrar pureza nesse homem? Não!
v.3: Jó diz que é com tal ser, finito e mortal, que Deus entra em juízo.
v.6: Essa limitação ainda é submetida ao juízo divino. Os olhos de Deus sobre a pecaminosidade humana provoca sofrimento, medo e angústia.



Nos versos 7 a 9, Jó afirma que os elementos da natureza tem mais vida que o homem. As árvores se renovam, dão seus rebentos, são rejuvenescidas pelas águas; o homem , por sua vez, morre, expira e desaparece (v.10); ele deita e não se levanta, morre e não mais acorda (v.12).

No capítulo todo, Jó afirma que o homem volta ao pó. Como um monte que se desfaz pela força das águas, assim é a esperança do homem. Ele passa, é despedido para o além.

A angústia é um elemento fundamental da existência humana. O medo tem em seu poder grandes e pequenos, sacerdotes e leigos, e não poupa ninguém durante o período que vai desde o nascimento até a sepultura.

“O medo outra coisa não é senão o abandono dos recursos da reflexão; e quando a esperança se extingue na alma, o desespero e perplexidade são sentidos como um mal maior do que a causa real do tormento” (Balthasar).

Esse mal atinge tanto os bons quanto os maus, tanto os convertidos a Deus como os que lhe voltam as costas.

“A angústia age de duas maneiras: desespera da possibilidade de um socorro, e aumenta o sofrimento não permitindo ao lado deste desespero nenhuma reflexão, nenhum raciocínio sobre a causa da angústia; tudo é medo cego, que, além das dores atuais, imagina infinitas outras como possíveis, e mesmo como certas” (Loch e Reischl).

Jó, em seu sofrimento, alcança o ápice do sofrimento, da angústia.

A Palavra de Deus manifesta um particular e curioso interesse pela angústia do homem e da criatura em geral.

Assim, tal pensamento precisa ser complementado por direcionamentos da própria Bíblia: EXISTE UMA DIFERENÇA ENTRE DUAS CATEGORIAS, ENTRE OS HOMENS VOLTADOS PARA DEUS E OS QUE DELE SE AFASTAM.

Assim, os maus, por um lado, fogem sempre da luz do Deus que os vê, de modo que a própria luz se torna para eles motivo de medo:

“...de dia se conservam encerrados, nada querem com a luz, pois a manhã para todos eles é como sombra de morte; mas os terrores da noite lhes são familiares.” Jó 24. 16-17

O pecado contra Deus os faz temer até mesmo do nada, do que não é real:

“Fogem os perversos, sem que ninguém os persiga...” Provérbios 28:1

Por outro lado, os bons

“Perante a angústia dos maus, existe para os bons antes de mais nada, um forte, categórico não, uma absoluta proibição de a conhecer, de se deixar prender por ela.” (Balthasar)

Ter medo equivale a não crer nestas promessas:

“Não temais a que esses temem e não vos apavoreis.” (Isaías 8:12)

“Não temas, porque eu sou contigo: não te assombres, porque eu sou o teu Deus...” (Isaías 41:10)

“Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu..” (Isaías 43:1)

“O Senhor está comigo, por isso não tenho medo: que me poderiam fazer os homens?” (Salmo 118.6)

Em Deus, a própria noite não tem nada de terrível para os bons:

“Deitado, não deves ter medo. Repousando, o teu sono será doce. Não temerás nem o terror repentino nem os ataques dos criminosos.” Provérbios 3:24-25

O rigoroso mandamento da fé e estrita proibição de ter medo são uma e a mesma coisa.

Cristo sobre a cruz, levou sobre si TODA A ANGÚSTIA humana de modo que estar feliz no meio das contrariedades, nos exteriores e objetivos apertos é algo possível.

Cristo carregou a angústia do mundo para dar-lhe em troca o que tem de seu, a sua alegria, a sua paz. Toda graça provém da cruz; toda alegria é alegria da cruz de Cristo.

“Efetivamente, o milagre da confiança cristã em Cristo e na cruz redentora é qualquer coisa de tão delicado, compreensível e crível unicamente de um ponto de vista sobrenatural, que basta o menor sopro para este espelho límpido seja embaciado pela angústia.” (Balthasar)

Os temores não devem assolar a vida do cristão. A vitória de Cristo é total, e dela não está excluído nem “o último inimigo a ser destruído”, ou seja, a morte (2 Cor. 15:26)

A angústia é afastada e superada de uma vez para sempre. E aquele que pertence a Cristo e vive na fé de não ter medo.

“A paz de Deus que excede todo entendimento guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” Fl. 4:7