ADVERTÊNCIA

Este Blog contém algumas de minhas ideias, crenças e valores. Por não ter o objetivo de ser referência, não deve ser acolhido como "argumento de autoridade" e, muito menos, como verdade demonstrativa, cartesiana.

Aqui o leitor encontrará apenas reflexões e posições pessoais que poderão ser peneiradas e, por isso mesmo, rejeitadas ou aceitas, odiadas ou amadas. Assim, não espere encontrar fidelidade a alguma linha de pensamento ou a uma ideologia em particular. Permito-me a contradição, a incerteza, a hesitação, a descrença, a ironia; permito-me pensar.

Após as leituras, sei que uns concordarão, outros não, e haverá também os que encerrarão a visita levando uma pulga atrás da orelha. Não me importo. Se causar alguma reação, mesmo o desassossego, considero que atingi o meio. O fim fica por sua conta.

Abraços a todos e boa leitura.

PS: Acesse também: http://moisesolim1.blogspot.com.br/

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Predestinação

Perguntas que sempre me vêm à mente quando penso na predestinação calvinista:

Um ser humano não-predestinado, morto na tenra infância, está condenado pelo juízo divino? Ora, se a eleição, feita antes da fundação do mundo, unilateral e soberana, independe dos atos e das escolhas humanas durante a vida (de modo que a consciência individual ou a sua ausência não tem peso no processo), então esse ser previamente (na eternidade) rejeitado deverá ter o mesmo destino (tendo vivido o mínimo ou o máximo no mundo) daqueles que na fase adulta estão incluídos entre os não-agraciados. Isso me parece evidente.

Diante disso,  para resolver a contradição entre a não-participação do decreto eterno salvífico e a afirmação de Jesus de que "...delas (as crianças) é o reino dos céus", teologiza-se que Deus salva todas as crianças pelo fato de serem "inocentes" (entre aspas, porque todas nascem, segundo se crê na ortodoxia, culpadas do pecado original).

Essa solução, porém, nos conduz a novos problemas. Ora, se Ele as salva apenas por serem o que são (crianças sem consciência do pecado, embora tendo-o, por natureza), então a morte delas significa automática inclusão entre os eleitos, mesmo se na fase da consciência muitas fizessem parte dos preterizados. Ou seja, nesse raciocínio, uma criança seria salva porque morre sem consciência de seu pecado, mesmo que, no futuro viesse a ser eternamente condenada por não fazer parte dos eleitos.

Bom, se assim for,

- não estaríamos diante da indicação de que a presença ou ausência da consciência que arbitra tem papel importante (tão negado pelos calvinistas), tendo em vista que "ser criança (inconsciente)" ou "ser adulto (consciente)" diferencia o destino de alguém?

- Não estaríamos apontando a falha de tal "decreto perfeito" que não levou em conta essa condição?

- E mais, não se estaria justificando o infantício de faraó, de Herodes, de certas tribos indígenas, das meninas na China etc., uma vez que todos os mortos deixaram de ir para o inferno por serem "inocentes"? O infanticídio é uma ferramenta salvífica?

Poder-se-ia crer no absurdo de que Deus "arranja" o processo para que os assassinatos sejam apenas de crianças predestinadas? De minha parte, não duvido nem um pouco de que os calvinistas viessem a defender tal posição exdrúxula.


MF

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