ADVERTÊNCIA

Este Blog contém algumas de minhas ideias, crenças e valores. Por não ter o objetivo de ser referência, não deve ser acolhido como "argumento de autoridade" e, muito menos, como verdade demonstrativa, cartesiana.

Aqui o leitor encontrará apenas reflexões e posições pessoais que poderão ser peneiradas e, por isso mesmo, rejeitadas ou aceitas, odiadas ou amadas. Assim, não espere encontrar fidelidade a alguma linha de pensamento ou a uma ideologia em particular. Permito-me a contradição, a incerteza, a hesitação, a descrença, a ironia; permito-me pensar.

Após as leituras, sei que uns concordarão, outros não, e haverá também os que encerrarão a visita levando uma pulga atrás da orelha. Não me importo. Se causar alguma reação, mesmo o desassossego, considero que atingi o meio. O fim fica por sua conta.

Abraços a todos e boa leitura.

PS: Acesse também: http://moisesolim1.blogspot.com.br/

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

NATAL, MISTO DE ALEGRIA E DE ESTUPIDEZ


Moisés Olímpio Ferreira


Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz! - Efésios 2.13, 14

É evidente que natal não tem igual valor para todas as pessoas. Para uns, é o dia do mito do Papai-Noel (que insistem para que as crianças acreditem nele); para outros, é o dia de receber presentes em uma reunião familiar que acaba numa comilança exacerbada e numa bebedeira estúpida. Para os mais vazios de alma, representa o momento em que se pode fazer compras no shopping e encher seu guarda-roupa de novas peças: tentativa de completar o vácuo mental e espiritual que possuem interiormente.

Para o comerciante, é o dia que representa aumento das vendas; para certas pessoas, é apenas feriado; há mesmo aqueles que nada lhe atribuem de valor. Para o religioso, é presenciar uma peça teatral em sua igreja e, diga-se de passagem, ver a mesma coisa de sempre, ouvir o mesmo sermão, fazer uma espécie de ritual maçante ao qual só os novos seguidores e algumas crianças prestam atenção; para o miserável, talvez seja um dia realmente especial porque é possível que coma melhor, mesmo que seja das sobras no lixo do dia seguinte.

Fica claro, portanto, nesses poucos exemplos, que o natal não recebe idêntica interpretação. Mesmo quando falam de Jesus, é um Jesus diferente, que honestamente eu não conheci. Alguns nem querem lembrar que ele nasceu no meio dos animais, em um ambiente sujo e fedido, porque isso não condiz com o Cristo multi-milionário que a sua igreja prega. Outros quando lembram da manjedoura, é para afirmar que Ele nasceu simples, pobre, mas com o objetivo que nos tornar ricos: ridículo!

Nesses dias andei pelas ruas. Quanta ignorância! O povo se apertando, se amassando, se empurrando. Para quê? Para gastar o seu suado dinheiro em bobagens a fim de manter o mito natalino (Jesus nem nasceu em 25 de dezembro!!). Vi de tudo: conjuntos musicais tocando valsinhas, bandas com os componentes vestidos de papai-noel, prédios cheios de lâmpadas, renas por todos os lugares. Um verdadeiro ataque às lojas como se fosse o último dia de suas vidas: “- Ah, vou gastar tudo antes que eu morra!”

Vejo certas coisas na TV que carnavalizaram o natal. Há uma mistura de elementos diversos em que os padrões do cristianismo foram subvertidos em favor de estímulos, formas e conteúdos mais ligados aos instintos e aos sentidos, à expansão do riso e da sensualidade.

E aí então, como cristão assumido, fico pensando: O que é que os líderes ensinam aos seus seguidores? Respondo sem muito esforço: “- Não se esqueçam de dar o dízimo também do 13o. salário!” ou “Não se esqueçam de pagar os votos de Elias, Eliseu, Isaque, Abraão, Gideão, Barnabé, Maria Madalena, Judas, Jericó, Betsaida, etc”. Não estou brincando, não. Estive lá, sei como são as coisas. Nunca os ouvi dando orientações para que o povo fosse lúcido, inteligente; nunca vi, nos diversos lugares por onde passei, estímulo à prudência, a não entrar no ritmo estúpido do capitalismo selvagem, a não alimentar esse sistema que vive da pobreza do povo, a não gastar mais do que ganha, a guardar para que no ano seguinte não fique sujeito à escravidão do cheque especial. Presenciei sim, o estímulo a fazer votos “espirituais” (que são pagos em dinheiro à igreja!) para receber mais de Deus já no ano seguinte. Infelizmente, a igreja institucionalizada foi engolida pelo sistema mundano e, pelo que vejo, até mesmo as mais abertas à lucidez, ainda nada fizeram de digno, de representativo.

NATAL, seja lá qual for a data real do nascimento do Cristo, é sinônimo de paz. Ele nasceu entre nós! Deus filho se fez carne e armou a sua tenda aqui, nessa Terra cheia de pessoas horríveis: ruins, preconceituosas, mentirosas, ambiciosas, falsas, interesseiras, insensíveis... Apenas a Sua vinda é razão de comemoração; no resto, não vejo belezas.

O Natal deve ser motivo de reflexão sincera a respeito do nascimento do Jesus real e quais suas implicações diretas sobre o nosso viver prático, dentro e fora da igreja, na rua, no trabalho, em casa, na escola, nos compromissos assumidos. Fora disso, é pura institucionalização de um Cristo mitológico, cujo símbolo é um pinheiro e o profeta é um velho com roupas vermelhas sobre uma carroça voadora.

A comemoração será válida quando, arrependidos de nossos pecados, estivermos praticando o bem aos homens (não somente a nós e aos nossos), ajudando a salvar crianças das ruas e da criminalidade, advogando por aquele que tem sido explorado e está sem forças para erguer-se, dando remédios aos doentes, dando comida e oportunidade de integração ao miserável, abandonando a hipocrisia religiosa e assumindo um papel social ativo sem interesses particulares.

A Cristo - a minha, a tua, a nossa paz - PARABÉNS!

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